BENS MATERIAIS, CONSUMISMO E INDIVIDUALISMO
Nem sempre, ao longo da história da humanidade, houve uma distinção entre filosofia e religião ou, no desenvolvimento de uma sociedade, a diferenciação entre Estado e religião.
O “I-Ching” – O Livro das Mutações (5.000 a. C.) “é uma das mais importantes obras do mundo e provavelmente a mais antiga já divulgada. Os chineses foram pioneiros em organizar métodos para a busca do autoconhecimento, por isso a sabedoria desse povo é tida até hoje como sólida referência da cultura oriental.” (101 Livros que Mudaram a Humanidade, Superinteressante, p. 12)
A construção da visão de mundo dos orientais foi diferente do ponto de vista do Ocidente, em especial, se a história for percebida a partir da Europa.
O conflito atual (na verdade, desde 11 de setembro de 2001) divulgado pela mídia internacional parece, do ponto de vista religioso, basear-se em dois livros: a Bíblia (1.500 a. C.) e o Corão (século VII d. C.).
Até o fim da Idade Média, do advento da colonização e da constituição do modo de produção capitalista, os povos viviam em diferentes partes do planeta, com suas próprias culturas, e, na maioria das vezes, sem ter contato uns com os outros. Existem vários exemplos de civilizações antigas, como a do Egito - formada por volta do ano 3.200 a. C. na África – ou como, do outro lado do Oceano Atlântico e numa época bem diferente (século XII d. C.), os casos dos Astecas (México), Maias (América Central) e Incas (Peru, Bolívia e Equador).
O fato é que com o avanço do que viria a ser o capitalismo (tanto no Ocidente como no Oriente), as antigas culturas foram praticamente destruídas e (quase) todos tiveram que adotar o modo de vida inventado pelos europeus.
Esse modo de vida – identificado como o do Ocidente - apareceu como resultado da criação do modo de produção capitalista e da reformulação do cristianismo. Trata-se basicamente da ênfase na expansão da produção e sua comercialização, da acumulação de bens materiais, do consumismo e do individualismo.
Nem todos os povos aceitaram a imposição desse modo de vida. Isso gerou o “chamado ‘choque das civilizações’” que, de acordo com Habermas (Filosofia em Tempo de Terror), torna-se “frequentemente o véu que mascara os interesses materiais do Ocidente.” (p. 49) Ou seja:
“Um Ocidente materialista enfrenta outras culturas (...) apenas com a irresistibilidade provocativa e vulgarizante de uma cultura consumista padronizadora.” (p. 45)
Em outras palavras, impor o modo de vida ocidental seria uma forma de padronizar o consumo global com produtos como Coca-Cola e McDonald’s. É inventada uma ideologia que isso – consumismo e individualismo – teria um papel “civilizador” para as outras culturas, como se o modo de produção capitalista fosse uma melhor alternativa de viver do que as outras (criadas fora desse modelo).
Por trás dos discursos da acumulação de bens materiais, do consumismo e do individualismo, que corresponderiam ao estilo de vida correto e mais evoluído, existem, porém, várias contradições e conflitos (dissimulados ou explícitos):
“Nós, no Ocidente, vivemos em sociedades pacíficas e prósperas; e, no entanto, elas comportam uma violência estrutural à qual, até certo ponto, nós nos acostumamos, isto é, a desigualdade social desproporcionada, a discriminação degradante, o empobrecimento e a marginalização. (...) nossas relações sociais são permeadas de violência, ação estratégica e manipulação.” (Habermas, Filosofia em Tempo de Terror. p. 47)
Em suma, mais do que o conflito com um “Oriente fundamentalista e atrasado”, faz parte do modo de produção capitalista criar, dentro do seu sistema, uma massa de excluídos e miseráveis em função da acumulação de bens materiais de uma elite. Querem convencer quem vive nestas sociedades, de que toda essa “violência estrutural” seria algo “natural”. Mais do que isso, querem ainda impor o esse modo de vida em todo o mundo, identificando qualquer forma de resistência como um apelo à barbárie e ao atraso na “evolução” da humanidade.
Nem sempre, ao longo da história da humanidade, houve uma distinção entre filosofia e religião ou, no desenvolvimento de uma sociedade, a diferenciação entre Estado e religião.
O “I-Ching” – O Livro das Mutações (5.000 a. C.) “é uma das mais importantes obras do mundo e provavelmente a mais antiga já divulgada. Os chineses foram pioneiros em organizar métodos para a busca do autoconhecimento, por isso a sabedoria desse povo é tida até hoje como sólida referência da cultura oriental.” (101 Livros que Mudaram a Humanidade, Superinteressante, p. 12)
A construção da visão de mundo dos orientais foi diferente do ponto de vista do Ocidente, em especial, se a história for percebida a partir da Europa.
O conflito atual (na verdade, desde 11 de setembro de 2001) divulgado pela mídia internacional parece, do ponto de vista religioso, basear-se em dois livros: a Bíblia (1.500 a. C.) e o Corão (século VII d. C.).
Até o fim da Idade Média, do advento da colonização e da constituição do modo de produção capitalista, os povos viviam em diferentes partes do planeta, com suas próprias culturas, e, na maioria das vezes, sem ter contato uns com os outros. Existem vários exemplos de civilizações antigas, como a do Egito - formada por volta do ano 3.200 a. C. na África – ou como, do outro lado do Oceano Atlântico e numa época bem diferente (século XII d. C.), os casos dos Astecas (México), Maias (América Central) e Incas (Peru, Bolívia e Equador).
O fato é que com o avanço do que viria a ser o capitalismo (tanto no Ocidente como no Oriente), as antigas culturas foram praticamente destruídas e (quase) todos tiveram que adotar o modo de vida inventado pelos europeus.
Esse modo de vida – identificado como o do Ocidente - apareceu como resultado da criação do modo de produção capitalista e da reformulação do cristianismo. Trata-se basicamente da ênfase na expansão da produção e sua comercialização, da acumulação de bens materiais, do consumismo e do individualismo.
Nem todos os povos aceitaram a imposição desse modo de vida. Isso gerou o “chamado ‘choque das civilizações’” que, de acordo com Habermas (Filosofia em Tempo de Terror), torna-se “frequentemente o véu que mascara os interesses materiais do Ocidente.” (p. 49) Ou seja:
“Um Ocidente materialista enfrenta outras culturas (...) apenas com a irresistibilidade provocativa e vulgarizante de uma cultura consumista padronizadora.” (p. 45)
Em outras palavras, impor o modo de vida ocidental seria uma forma de padronizar o consumo global com produtos como Coca-Cola e McDonald’s. É inventada uma ideologia que isso – consumismo e individualismo – teria um papel “civilizador” para as outras culturas, como se o modo de produção capitalista fosse uma melhor alternativa de viver do que as outras (criadas fora desse modelo).
Por trás dos discursos da acumulação de bens materiais, do consumismo e do individualismo, que corresponderiam ao estilo de vida correto e mais evoluído, existem, porém, várias contradições e conflitos (dissimulados ou explícitos):
“Nós, no Ocidente, vivemos em sociedades pacíficas e prósperas; e, no entanto, elas comportam uma violência estrutural à qual, até certo ponto, nós nos acostumamos, isto é, a desigualdade social desproporcionada, a discriminação degradante, o empobrecimento e a marginalização. (...) nossas relações sociais são permeadas de violência, ação estratégica e manipulação.” (Habermas, Filosofia em Tempo de Terror. p. 47)
Em suma, mais do que o conflito com um “Oriente fundamentalista e atrasado”, faz parte do modo de produção capitalista criar, dentro do seu sistema, uma massa de excluídos e miseráveis em função da acumulação de bens materiais de uma elite. Querem convencer quem vive nestas sociedades, de que toda essa “violência estrutural” seria algo “natural”. Mais do que isso, querem ainda impor o esse modo de vida em todo o mundo, identificando qualquer forma de resistência como um apelo à barbárie e ao atraso na “evolução” da humanidade.