REFORMAS: DILMA, PLEBISCITO E CONSELHOS POPULARES
Começou mal o segundo mandato da presidente Dilma. Em suas entrevistas, apesar de mudar o seu discurso que antes era para dividir o Brasil e agora é para tentar o “diálogo” (ela evitou falar em “união do país” porque esse era o discurso de Aécio Neves), a presidente voltou a insistir em plebiscito para resolver a questão da reforma política. Ontem, aliás, foi derrotada (no congresso nacional) a velha tentativa de criar os Conselhos Populares.*
É perigosa a sinalização da presidente Dilma de implantar uma velha estratégia venezuelana de governar “consultando diretamente a população” porque ela desconsidera (de imediato) o poder legislativo (e, em alguns momentos, até o poder judiciário).
A ideia é desconsiderar a república democrática e “impor democraticamente” a “vontade popular”.
Essa história de “conselhos populares” é uma velha prática comunista para passar a impressão de que as decisões já tomadas pelo poder executivo teriam sido pensadas e criadas pelo “povo”.
É uma inversão ideológica.
O presidente decide algo mas não deseja parecer que irá impor a sua vontade.
Os seus representantes, então, divulgam que tal ideia seria interessante para o país.
“Criam” o debate de algo que já foi decidido.
Depois tudo é votado nos supostos conselhos populares – devidamente aparelhados por agentes do governo – e então as tais “decisões” são enviadas ao poder executivo “que realiza a vontade do povo.”
Esse tipo de prática reforça outra velha estratégia comunista do chamado “centralismo democrático”.
É interessante perceber como alguns políticos populistas da América Latina resolveram adotar mecanismos inventados por governantes de países comunistas para iludir a população.
Esquecem um detalhe fundamental: nos países comunistas, havia um desprezo pela democracia e tais estratégias serviriam para demonstrar a superioridade da governabilidade dos comunistas.
Na América Latina, atualmente, porém, os políticos chegam ao poder pela democracia burguesa e, contraditoriamente, tentam destruí-la com estratégias comunistas de controle da população criadas no século passado.
Tentam ainda – e viram motivo de piada no mercado internacional, como é o caso da Venezuela – mostrar que seria uma forma de reforçar a democracia ao retirar as influências tanto do poder legislativo como do poder judiciário.
Ao invés de piorar o que está ruim
(a economia, a saúde, a educação, a segurança e a recente divisão entre norte e sul),
a presidente Dilma deveria se preocupar em “arrumar a casa”
(que ela ajudou bastante no sentido de bagunçar) e
evitar polêmicas e problemáticas que criariam um clima de guerra entre os brasileiros.
O país não precisa disto.
A presidente da República antes de ser do PT (e apoiar os projetos do partido) é ainda a presidente de todos os brasileiros.
Mais responsabilidade.
Mais serenidade.
© profelipe ™ 29-10-2014
(*)http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/10/1540016-camara-derruba-decreto-de-conselhos-populares-e-impoe-1-derrota-a-dilma-apos-reeleicao.shtml
Começou mal o segundo mandato da presidente Dilma. Em suas entrevistas, apesar de mudar o seu discurso que antes era para dividir o Brasil e agora é para tentar o “diálogo” (ela evitou falar em “união do país” porque esse era o discurso de Aécio Neves), a presidente voltou a insistir em plebiscito para resolver a questão da reforma política. Ontem, aliás, foi derrotada (no congresso nacional) a velha tentativa de criar os Conselhos Populares.*
É perigosa a sinalização da presidente Dilma de implantar uma velha estratégia venezuelana de governar “consultando diretamente a população” porque ela desconsidera (de imediato) o poder legislativo (e, em alguns momentos, até o poder judiciário).
A ideia é desconsiderar a república democrática e “impor democraticamente” a “vontade popular”.
Essa história de “conselhos populares” é uma velha prática comunista para passar a impressão de que as decisões já tomadas pelo poder executivo teriam sido pensadas e criadas pelo “povo”.
É uma inversão ideológica.
O presidente decide algo mas não deseja parecer que irá impor a sua vontade.
Os seus representantes, então, divulgam que tal ideia seria interessante para o país.
“Criam” o debate de algo que já foi decidido.
Depois tudo é votado nos supostos conselhos populares – devidamente aparelhados por agentes do governo – e então as tais “decisões” são enviadas ao poder executivo “que realiza a vontade do povo.”
Esse tipo de prática reforça outra velha estratégia comunista do chamado “centralismo democrático”.
É interessante perceber como alguns políticos populistas da América Latina resolveram adotar mecanismos inventados por governantes de países comunistas para iludir a população.
Esquecem um detalhe fundamental: nos países comunistas, havia um desprezo pela democracia e tais estratégias serviriam para demonstrar a superioridade da governabilidade dos comunistas.
Na América Latina, atualmente, porém, os políticos chegam ao poder pela democracia burguesa e, contraditoriamente, tentam destruí-la com estratégias comunistas de controle da população criadas no século passado.
Tentam ainda – e viram motivo de piada no mercado internacional, como é o caso da Venezuela – mostrar que seria uma forma de reforçar a democracia ao retirar as influências tanto do poder legislativo como do poder judiciário.
Ao invés de piorar o que está ruim
(a economia, a saúde, a educação, a segurança e a recente divisão entre norte e sul),
a presidente Dilma deveria se preocupar em “arrumar a casa”
(que ela ajudou bastante no sentido de bagunçar) e
evitar polêmicas e problemáticas que criariam um clima de guerra entre os brasileiros.
O país não precisa disto.
A presidente da República antes de ser do PT (e apoiar os projetos do partido) é ainda a presidente de todos os brasileiros.
Mais responsabilidade.
Mais serenidade.
© profelipe ™ 29-10-2014
(*)http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/10/1540016-camara-derruba-decreto-de-conselhos-populares-e-impoe-1-derrota-a-dilma-apos-reeleicao.shtml