GOVERNO DILMA, ISRAEL E RÚSSIA
A diplomacia brasileira sempre foi elogiada por ser discreta e equilibrada. Isso mudou com a eleição do presidente Lula.
Ele tentou se mostrar como uma grande liderança. Apesar de uma certa repercussão positiva no início, virou motivo de piadas e dúvidas na mídia internacional, em decorrência de suas contradições e pretensões - como querer mediar os conflitos entre o Irã e Israel. Se internamente, o presidente Lula elogiava e procurava respeitar a democracia, as escolhas dos seus aliados internacionais, como Chávez na Venezuela, Castro em Cuba e Mahmoud Ahmadinejad no Irã, eram percebidas com desconfiança. (* Escrevi esse parágrafo em 2010 no texto “Lula” em Lenda Urbana.http://profelipe.weebly.com/lenda.html )
Com a posse da presidente Dilma Rousseff, ocorreu uma mudança desta política com um afastamento político dos antigos aliados e uma reaproximação com os Estados Unidos – houve, inclusive, uma visita do presidente Obama ao Brasil.
No final do seu mandato, porém, agora em julho de 2014, a presidente Dilma Rousseff decidiu retomar a postura de Lula no caso de Israel – que foi ridicularizada na época em 2010:
“O trio de humoristas israelenses Latma TV ironizou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ‘interferir’ nos assuntos do Oriente Médio. O programa simula uma entrevista na qual o chefe de Estado é mostrado como alguém inexperiente que sequer sabe onde Israel está localizado.” *
A postura do governo Dilma Rousseff, inclusive convocando o embaixador brasileiro, levou aos representantes de Israel a ironizar a sua liderança no cenário internacional. Yigal Palmor:
“Essa é uma demonstração lamentável de por que o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático." **
O país poderia ficar sem mais esse vexame – “anão diplomático” – diante do mundo. Falar em “duelo diplomático” é uma bobagem no sentido de que, do lado brasileiro, o que o país tem efetivamente a ver com o conflito no Oriente Médio? Conflito que existe bem antes da própria constituição do Brasil como nação.
Não ser esquecido o “outro lado” diplomático do governo brasileiro, quando o presidente russo Vladimir Putin, criticado mundialmente por suas atrocidades imperialistas atuais foi recebido pela presidente Dilma Rousseff (que não por acaso) evitou tratar da anexação da Crimeia.
Só complica tudo, claro, lembrar das contradições do acordo entre Brasil e Cuba no programa “Mais Médicos”. Tudo isso parece colocar a presidente Dilma Rousseff numa postura diante da política externa mais próxima do seu antecessor do que muitos imaginavam.
A questão não é deixar de reconhecer o que acontece no conflito do Oriente Médio. O problema é a liderança do país, obviamente, tentar se colocar como uma autoridade internacional (sendo que não é) e ser ridicularizada. Isso sem falar na queda do avião na Ucrânia – com evidências que responsabilizam os russos – e a falta de uma postura dura do Brasil como foi com a crise dos israelenses e palestinos. Dois pesos e duas medidas?
Outra problema é por que o governo Dilma Rousseff resolveu assumir essa postura neste momento exatamente (houve outras oportunidades). Parece fora de propósito querer associar a imagem de “um Brasil respeitado” no cenário internacional por causa das eleições presidenciais deste ano. Se foi essa a intenção – como alguns imaginaram que o Brasil ser campeão da Copa do Mundo poderia ser utilizado politicamente -, parece que, mais uma vez, os estrategistas petistas erraram.
profelipe © 26-07-2014
(*) Humoristas de Israel fazem piada com Lula. R7. 05-06-2010. http://noticias.r7.com/internacional/noticias/humoristas-de-israel-fazem-piada-com-lula-20100605.html
(**)Marina Pinhoni. Anão ou gigante? Brasil e Israel entram em duelo diplomático. Exame. 24-07-2014. http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/gigante-ou-anao-brasil-e-israel-entram-em-duelo-diplomatico
A diplomacia brasileira sempre foi elogiada por ser discreta e equilibrada. Isso mudou com a eleição do presidente Lula.
Ele tentou se mostrar como uma grande liderança. Apesar de uma certa repercussão positiva no início, virou motivo de piadas e dúvidas na mídia internacional, em decorrência de suas contradições e pretensões - como querer mediar os conflitos entre o Irã e Israel. Se internamente, o presidente Lula elogiava e procurava respeitar a democracia, as escolhas dos seus aliados internacionais, como Chávez na Venezuela, Castro em Cuba e Mahmoud Ahmadinejad no Irã, eram percebidas com desconfiança. (* Escrevi esse parágrafo em 2010 no texto “Lula” em Lenda Urbana.http://profelipe.weebly.com/lenda.html )
Com a posse da presidente Dilma Rousseff, ocorreu uma mudança desta política com um afastamento político dos antigos aliados e uma reaproximação com os Estados Unidos – houve, inclusive, uma visita do presidente Obama ao Brasil.
No final do seu mandato, porém, agora em julho de 2014, a presidente Dilma Rousseff decidiu retomar a postura de Lula no caso de Israel – que foi ridicularizada na época em 2010:
“O trio de humoristas israelenses Latma TV ironizou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ‘interferir’ nos assuntos do Oriente Médio. O programa simula uma entrevista na qual o chefe de Estado é mostrado como alguém inexperiente que sequer sabe onde Israel está localizado.” *
A postura do governo Dilma Rousseff, inclusive convocando o embaixador brasileiro, levou aos representantes de Israel a ironizar a sua liderança no cenário internacional. Yigal Palmor:
“Essa é uma demonstração lamentável de por que o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático." **
O país poderia ficar sem mais esse vexame – “anão diplomático” – diante do mundo. Falar em “duelo diplomático” é uma bobagem no sentido de que, do lado brasileiro, o que o país tem efetivamente a ver com o conflito no Oriente Médio? Conflito que existe bem antes da própria constituição do Brasil como nação.
Não ser esquecido o “outro lado” diplomático do governo brasileiro, quando o presidente russo Vladimir Putin, criticado mundialmente por suas atrocidades imperialistas atuais foi recebido pela presidente Dilma Rousseff (que não por acaso) evitou tratar da anexação da Crimeia.
Só complica tudo, claro, lembrar das contradições do acordo entre Brasil e Cuba no programa “Mais Médicos”. Tudo isso parece colocar a presidente Dilma Rousseff numa postura diante da política externa mais próxima do seu antecessor do que muitos imaginavam.
A questão não é deixar de reconhecer o que acontece no conflito do Oriente Médio. O problema é a liderança do país, obviamente, tentar se colocar como uma autoridade internacional (sendo que não é) e ser ridicularizada. Isso sem falar na queda do avião na Ucrânia – com evidências que responsabilizam os russos – e a falta de uma postura dura do Brasil como foi com a crise dos israelenses e palestinos. Dois pesos e duas medidas?
Outra problema é por que o governo Dilma Rousseff resolveu assumir essa postura neste momento exatamente (houve outras oportunidades). Parece fora de propósito querer associar a imagem de “um Brasil respeitado” no cenário internacional por causa das eleições presidenciais deste ano. Se foi essa a intenção – como alguns imaginaram que o Brasil ser campeão da Copa do Mundo poderia ser utilizado politicamente -, parece que, mais uma vez, os estrategistas petistas erraram.
profelipe © 26-07-2014
(*) Humoristas de Israel fazem piada com Lula. R7. 05-06-2010. http://noticias.r7.com/internacional/noticias/humoristas-de-israel-fazem-piada-com-lula-20100605.html
(**)Marina Pinhoni. Anão ou gigante? Brasil e Israel entram em duelo diplomático. Exame. 24-07-2014. http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/gigante-ou-anao-brasil-e-israel-entram-em-duelo-diplomatico