MILITARES E POLÍTICA NO BRASIL
O fato da Dilma não ser uma unanimidade, claro, possibilita propostas estranhas.
Talvez a mais bizarra seja a defesa da volta da ditadura militar no país.
Primeiro, é preciso compreender que não existe essa opção nas urnas.
Segundo, como defendem alguns teóricos, não se pode usar a democracia para acabar com a própria democracia.
Terceiro, o contexto internacional é muito diferente de 1964 – início da ditadura militar.
Quarto, no período republicano, não houve só a ditadura militar. E o Estado Novo, a ditadura de Getúlio Vargas? O risco aqui é diferente da ditadura militar. O golpe viria de um civil, populista, com grande aceitação por parte da população. O único que se aproximaria disto seria o (mito do Lula) – mas ele foi presidente em dois mandatos e não optou por um regime autoritário, logo, não seria razoável esperar uma atitude assim por parte dele.
Quinto, depois da redemocratização – iniciada em 1985 – as forças armadas voltaram a cumprir o seu papel original. Os militares – com poucas exceções – não se envolveram nas escolhas dos civis e acataram as regras da democracia (mesmo considerando que dirigentes dos últimos governos participaram efetivamente da guerrilha armada contra o regime militar).
Os militares estão nos quartéis. Nunca é uma boa ideia convidá-los para participar da política partidária, afinal, eles trabalharam com princípios como autoridade e hierarquia e não possuem o hábito (nem poderia ser diferente) de verem as suas decisões serem questionadas pelos subalternos que reivindicariam regras democráticas dentro das forças armadas.
O espaço da democracia e o espaço público e o debate deve estar associado aos discursos e aos atos dos participantes. Trata-se de um jogo da sociedade civil.
Outra questão diz respeito à formação ideológica. A Escola Superior de Guerra (ESG) não interfere nas decisões da sociedade civil. Existe a Adesg, que promove cursos e debates, mas é só isso. Ou seja, aquela ESG de 1964 não está mais aqui.
Os militares, em sua maioria, que estiveram na repressão (entre 1964 e 1985) ou aposentaram ou já morreram. Os quartéis são ocupados por soldados de outras gerações, que não viveram o clima da guerra fria e nem o enfrentamento da direita e da esquerda nas décadas de 1960 e 1970 aqui no Brasil.
As lideranças petistas possuem aliados e militantes em várias organizações da sociedade civil – como MST, CUT, entre outras -, mas não existe notícia de militantes defensores do PT ou das esquerdas radicais dentro das forças armadas (como foi o Movimento dos Sargentos em 1964).
Diante de tudo isso e, ao mesmo tempo, reconhecendo a falta de imaginação de muitas lideranças, seria prudente ficar com o jogo democrático (perder faz parte do processo) e não “brincar” com reivindicações de ditaduras – elas podem acontecer e, exceto os ditadores, a maioria torna-se a grande prejudicada com “os anos de chumbo”.
© profelipe ™ 21-08-2014
O fato da Dilma não ser uma unanimidade, claro, possibilita propostas estranhas.
Talvez a mais bizarra seja a defesa da volta da ditadura militar no país.
Primeiro, é preciso compreender que não existe essa opção nas urnas.
Segundo, como defendem alguns teóricos, não se pode usar a democracia para acabar com a própria democracia.
Terceiro, o contexto internacional é muito diferente de 1964 – início da ditadura militar.
Quarto, no período republicano, não houve só a ditadura militar. E o Estado Novo, a ditadura de Getúlio Vargas? O risco aqui é diferente da ditadura militar. O golpe viria de um civil, populista, com grande aceitação por parte da população. O único que se aproximaria disto seria o (mito do Lula) – mas ele foi presidente em dois mandatos e não optou por um regime autoritário, logo, não seria razoável esperar uma atitude assim por parte dele.
Quinto, depois da redemocratização – iniciada em 1985 – as forças armadas voltaram a cumprir o seu papel original. Os militares – com poucas exceções – não se envolveram nas escolhas dos civis e acataram as regras da democracia (mesmo considerando que dirigentes dos últimos governos participaram efetivamente da guerrilha armada contra o regime militar).
Os militares estão nos quartéis. Nunca é uma boa ideia convidá-los para participar da política partidária, afinal, eles trabalharam com princípios como autoridade e hierarquia e não possuem o hábito (nem poderia ser diferente) de verem as suas decisões serem questionadas pelos subalternos que reivindicariam regras democráticas dentro das forças armadas.
O espaço da democracia e o espaço público e o debate deve estar associado aos discursos e aos atos dos participantes. Trata-se de um jogo da sociedade civil.
Outra questão diz respeito à formação ideológica. A Escola Superior de Guerra (ESG) não interfere nas decisões da sociedade civil. Existe a Adesg, que promove cursos e debates, mas é só isso. Ou seja, aquela ESG de 1964 não está mais aqui.
Os militares, em sua maioria, que estiveram na repressão (entre 1964 e 1985) ou aposentaram ou já morreram. Os quartéis são ocupados por soldados de outras gerações, que não viveram o clima da guerra fria e nem o enfrentamento da direita e da esquerda nas décadas de 1960 e 1970 aqui no Brasil.
As lideranças petistas possuem aliados e militantes em várias organizações da sociedade civil – como MST, CUT, entre outras -, mas não existe notícia de militantes defensores do PT ou das esquerdas radicais dentro das forças armadas (como foi o Movimento dos Sargentos em 1964).
Diante de tudo isso e, ao mesmo tempo, reconhecendo a falta de imaginação de muitas lideranças, seria prudente ficar com o jogo democrático (perder faz parte do processo) e não “brincar” com reivindicações de ditaduras – elas podem acontecer e, exceto os ditadores, a maioria torna-se a grande prejudicada com “os anos de chumbo”.
© profelipe ™ 21-08-2014